Para a RBCC, a  Ciência Cidadã deve ser entendida de forma ampla, abrangendo uma gama de tipos de parcerias entre cientistas e interessados em ciência, para produção compartilhada de conhecimentos com potencial para promover:

1) o engajamento do público em diferentes etapas do processo científico;

2) a educação científica e tecnológica, e

3) co-elaboração e implementação de políticas públicas sobre temas de relevância social e ambiental

 

A Rede considera essencial o engajamento público com a ciência e acredita que o acesso à forma como o conhecimento científico é gerado é um direito do cidadão. 

 

A Rede também acredita que é de responsabilidade social democratizar o acesso de todos os cidadãos às informações científicas, repudiando qualquer discriminação social, cultural, étnica, política, religiosa, sexual, de gênero, etária ou a pessoas portadoras de deficiência.

A Rede é amigável a comunidade LGBTQIA+, bem como apoia e age numa perspectiva antirracista.

Tendo em vista a pluralidade de conceitos atribuídos à ciência cidadã, a Rede considera importante estabelecer alguns princípios chave, para nortear as boas práticas da Rede. Esses princípios foram inspirados nos princípios estabelecidos pela Associação Europeia de Ciência Cidadã (https://ecsa.citizen-science.net/sites/default/files/ecsa_ten_principles_of_cs_portuguese.pdf), os quais são descritos abaixo:

 

  • Os projetos de ciência cidadã envolvem ativamente os cidadãos nas atividades científicas, o que gera novo conhecimento e compreensão. Os cidadãos podem atuar como contribuidores, colaboradores ou como líderes de projetos e assumir um papel significativo no projeto.
  • Os projetos de ciência cidadã produzem genuínos resultados científicos. Por exemplo, respondendo a uma pergunta de investigação ou colocando em prática ações de conservação, decisões de gestão ou políticas ambientais.
  • Tanto os cientistas profissionais quanto os amadores (cientistas cidadãos) são beneficiados por sua participação nos projetos de ciência cidadã. Os benefícios podem incluir a publicação de resultados da investigação, oportunidades de aprendizagem, prazer pessoal, benefícios sociais, satisfação através do contributo em evidências científicas para, por exemplo encontrar respostas para questões com relevância local, nacional ou internacional e, desta forma, influenciar políticas nesta área.
  • Os cidadãos cientistas podem, caso queiram, participar em várias etapas do processo científico. A participação pode incluir o desenvolvimento de uma questão científica, o delinear dos métodos a utilizar, a recolha e análise dos dados e a comunicação dos resultados.
  • Os cidadãos cientistas recebem feedback do projeto. Por exemplo, sobre como os dados recolhidos estão a ser usados e quais os resultados no campo da investigação, política e sociedade.
  • A ciência cidadã é considerada como abordagem de investigação como qualquer outra, com limitações e enviesamentos que devem ser considerados e controlados. Contudo, ao contrário das abordagens científicas tradicionais, a ciência cidadã providencia oportunidades para um maior envolvimento do público e uma democratização da ciência.
  • Dados e metadados resultantes de projetos de ciência cidadã são tornados públicos e sempre que possível publicados num formato de acesso livre. A partilha de dados pode acontecer durante ou depois do projeto, a menos que existam motivos de segurança e privacidade que o impeçam.
  • O contributo dos cidadãos cientistas é reconhecido publicamente nos resultados dos projetos e nas publicações.
  • Os programas de ciência cidadã são avaliados pelos seus resultados científicos, qualidade dos dados, experiência para os participantes e abrangência dos impactos sociais e políticos.
  • Os responsáveis de projetos de ciência cidadã têm em consideração questões legais e éticas relativas ao copyright, propriedade intelectual, acordos sobre partilha de dados, confidencialidade, atribuição e impacto ambiental de qualquer atividade.